domingo, 28 de março de 2010

BERTOLD BRECHT 1898---1956



Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.




Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário.




Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável.




Depois agarraram uns desempregados
Mas como eu tenho meu emprego
Também não me importei.




Agora estão-me levando
Mas já é tarde
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.







Bertold Brecht
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terça-feira, 23 de março de 2010

DIFERENTE



Como um passageiro que olha absorto a janela do trem, Ela vê a vida passar por Ela.
Perdida talvez, no mundo dos outros, viajante sem tempo e sem nome, Ela é jóia perfeita em cofre real.
Veste-se de alento, mal o sol acorda e é vê-la sem rumo, no trilho da faina.
Caminha anseios, de olhar para dentro, de passos pensados e pêndulos nas mãos.
Às vezes, solta-se-lhe o brio, no meio do nada, desperta momentos e vira fênix.
Descansa tarefas no banco do jardim, simula acção e recria imagens no espelho do tempo que a cativou.
E a solitude que basta a esta forma de vida, toca-nos pela diferença mas faz-nos pensar que as fontes que o caminhante encontra no seu caminho, são verdadeiros achados de cumplicidade entre o divino e a pureza do ser.


maria

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sexta-feira, 19 de março de 2010

DIS PAPA !!!

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...
Dis Papa, c'est quoi la mort?

Une erreur, une maison, dans laquelle on s'endort.
Un songe, un grand oubli.
Un vieux malentendu.
Un chien très fatigué qui oublie sa douleur en se couchant heureux,
près d'un feu un beau soir.

...

Dis Papa, c'est quoi les hommes?

Ce sont des princes, des mendiants et des fous.
Des artistes et des gueux.
Des loups et des agneaux.
De très petites choses fragiles et admirables qu'un rien suffit à vaincre.
Des montagnes éternelles où naissent les ruisseaux.

...

extracto do livro "Le mond sans enfants "
de Philippe Claudel
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segunda-feira, 8 de março de 2010

BOM DIA MULHER!!

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Olá Mulher!

Hoje bem cedinho , deram-nos uma prenda para abrir.

Não se recusam ofertas e é muito bom alguém lembrar-se de nós, por isso, vamos desatar o laçarote e abrir...

Voilá!
8 de Março, o dia de hoje, é a nossa prenda!!!!

Que fazemos com ela?

Não fomos nós, Mulheres, agraciadas com o milagre da reprodução?

Então, mãos à obra. Vamos mostrar que num só dia somos capazes de reproduzir os outros 364.

Vamos olhar para o espelho e agradecer ser Mulher.

Vamos amar, trabalhar, sorrir e talvez até chorar. Nada de mais para um dia...

Mas o nosso dia tem minutos que ninguém sabe. Tem silêncios que ninguém ouve. E é aqui que eu hoje proponho que juntemos as nossas mãos e as levantemos bem alto, em jeito de oração, e entreguemos ao PAI, as dores de todas aquelas mulheres que sofrem o desamor, o desamparo, a perda e a angústia da solidão.

Para elas , com todo o carinho, esses nossos silêncios.


maria

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sábado, 6 de março de 2010

BULLYING............o silêncio dos inocentes

http://www.youtube.com/watch?v=yDzZ4Eucv-0


O bullying não é um fenómeno só de escolas, nem um fenómeno que se possa considerar recente.Trata-se de acções agressivas que envolvem normalmente, uma relação de poder injusta e egoista. A forma mais comum de bullying, acontece efectivamente nas escolas, entre crianças e adolescentes e são normalmente tidos como actos naturais, habitualmente ignorados por adultos, professores, auxiliares de educação e mesmo pais.
Mas o bullying é muito mais do que isto, e eu não entendo, porque é que o Leandro Filipe, de 12 anos, teve de se suicidar, para que os adultos percebessem que ele era vítima de bullying. Ok , o bullying podem ser atitudes agressivas de miúdos, mas são intencionais, repetidas, sem qualquer motivação evidente, normalmente perpetuadas por mais do que um colega, contra uma diferenciação qualquer do outro, neste caso, o Leandro Filipe. Eu não sei, mas podia ser unicamente, por uma caracteristica pessoal, a de não saber reagir a intimidações ou a provocações.
Com o tempo, esta criança, foi certamente sofrendo algum desequilibrio psiquico.
Normalmente manifesta-se das mais variadas formas: stress nervoso, doenças físicas, ar infeliz, dores de cabeça, cansaço, perda de sono, medo, terrores, isolamento, baixo rendimento escolar, rejeição da escola, etc, etc.
Ninguém viu nada disto? Ninguém pôde fazer nada pelo Leandro?
Todos nós desejamos que as escolas onde colocamos os nossos filhos, tenham ambientes seguros, onde as crianças possam aprender e desenvolver ao máximo, todos os seus potenciais, não só intelectuais, mas também sociais. Como é que podemos admitir que os adultos destas instituições, considerem estes actos como banais? Como é que podemos aceitar que as nossas crianças, sejam brutalmente incomodadas, sofram danos físicos e psicológicos, ao ponto de mergulharem num silêncio de morte, com a cumplicidade de educadores?
Alguém adulto, naquela escola de Mirandela, deve estar neste momento a fazer um acto de contrição e a procurar desesperadamente apoio psicológico... Que se calem as crianças que testemunham tais actos, eu entendo. Entendo o medo de represálias e a desigualdade de poderes que se cria num ambiente, onde a agressividade é tida como um comportamento normal e leva à omissão dos factos. Mas esta história está cheia de falhas, na responsabilidade educacional de quem tem essa função, e aqui incluo também a família.
E os bullies?
A escola não sabe que tem bullies, que afirmam o seu poder interpessoal dentro da própria escola?
Sabemos que as crianças ou os jovens, tendem a retratar o seu modelo do mundo exterior, nas escolas, ou seja na interacção com as outras(os), e muitas vezes de uma forma dissimulada. Mas há factos muito concretos, há ambiente de tensão, e isto não pode ser ignorado.
De quem é a responsabilidade da segurança nas escolas?
De quem é a responsabilidade da insatisfação, que o Leandro Filipe tinha pela vida?
Ele teve a infelicidade de ser o receptor passivo, neste circuito de comunicações,onde a indiferença é a resposta à agressividade e à violência. Mesmo quando se trata de crianças.


maria

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