domingo, 27 de dezembro de 2009

A VIDA esse pedaço de nós


A Vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde de mais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais!


"Lembrete"........Mário Quintana (poeta brasileiro)

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domingo, 13 de dezembro de 2009

AMAR E CONFIAR

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Apetece-me dizer que a minha vida está toda de pernas para o ar.
Hoje o dia começou com muita dor à minha volta. Tanta, e tão perto de mim, que nem me apetecia ser gente. Mas estou aqui e se chegou a minha vez de sentir toda esta inquietação, deve haver certamente algo que eu possa fazer, que eu deva fazer...
Não sou curandeira, nem enfermeira, nem médica, mas tenho em mim, uma vontade quase visceral, de tirar do meu coração, toda a impertinência que alguma vez possa ter dirigido a estas gentes, ainda que de forma inconsciente. Preciso amá-las. Amá-las verdadeiramente, como amo todos os que têm dores. E bendizê-las. Dizer como a minha mãe " Que o Espírito Santo lhes abra os olhos do entendimento" para que elas possam ajudar todos os que precisam, porque toda a dor vai parar às mãos destes obreiros da saúde, e eu quero entregá-la em mãos divinas.
" E tu Senhor, que és quem dá sabedoria aos sábios e inteligência aos homens cultos, tudo te pertence, tudo está sob o teu controlo". Eu, só posso mesmo fazer o que me ensinaste, AMAR!
E por tudo isto, Bem Haja.
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Quebrar Hábitos


REFLEXÕES ... ... ...
Vamos descobrir como podemos compreender todo o processo de formação do hábito. Podemos tomar como exemplo o hábito de fumar, e vocês podem substituir este exemplo pelo vosso próprio hábito e fazer a experiência com o vosso próprio problema de forma directa à medida que eu vou fazendo a experiência com o hábito de fumar. Trata-se de um problema, torna-se um problema quando quero abandonar o hábito; enquanto eu me sentir bem com o hábito, não o encaro como um problema. O problema surge quando tenho de fazer algo a respeito de um determinado hábito, quando o hábito se torna perturbador. Fumar criou uma perturbação, por isso quero libertar-me desse hábito. Quero deixar de fumar, quero libertar-me disso, colocar esse hábito de lado, e assim a minha aproximação ao acto de fumar está envolta em resistência e condenação. Ou seja, eu não quero fumar, e portanto a minha atitude é a de suprimir esse hábito, de condená-lo ou de encontrar um substituto para ele-- em vez de fumar, passo a mascar pastilhas elásticas.
Agora, será que é possível olhar para o problema sem condenação justificação ou supressão? Poderei encarar o meu hábito de fumar sem qualquer sentimento de rejeição? Tentem fazê-lo agora, enquanto estou a falar, e verão como é extraordinariamente difícil não rejeitar nem aceitar. Porque toda a nossa tradição, todo o nosso conjunto de experiências, nos impele a rejeitar ou a justificar em vez de nos estimular a nossa curiosidade acerca do facto.
Em vez de ter uma actuação passiva, a mente está sempre a agir sobre o problema.

J. Krishnamurti




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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

OBRIGADA AMIGO!!!


A esta hora, o P. Paulo, está na mesa de operações da Clinigrande, a resolver o problema que há algum tempo o angustia.
Sabemos que o momento é difícil, mas as nossas dúvidas e os nossos receios, cruzam-se Contigo, Deus Pai, naquele bloco operatório, onde Tu és Senhor absoluto, e a paz invade os nossos corações.


"Vejam bem. Deus veio salvar-me!
Tenho razão para confiar e nada recear
porque o Senhor é a minha força e quem me leva a cantar!
Ele é a minha salvação!"

Isaias 12;2












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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

NATAL

Mal o mês de dezembro se assoma, corro logo a desarrumar as prateleiras da minha memória e a deixar pedaços da minha meninice por todos os cantos da casa. Para nós adultos, que arrumámos muito bem a nossa infância, basta um "click", por muito pequeno que seja, na dita cuja, e salta logo cá para fora, qual caixinha de surpresas, a dizer: "Olá, estou bem! estou aqui! estou viva!".
E o Natal para mim vem assim! Num abrir e fechar de olhos eu estou lá, com os meus irmãos, a viver intensamente toda aquela magia que nos enchia os dias. E era crescente, num esplendor indizível, que transformava as vidas, porque sentíamos à nossa volta uma complacência e uma fraternidade tão abrangentes, que podiam unir o mundo. Não sabíamos do pai natal, mas falavam-nos do nascimento do Menino Jesus e essa era a causa maior.
De história em história e ao longo dos anos, Ele viera de mansinho, de mansinho, ganhando forma nos nossos pequenos corações e o Natal era assim o nosso tão esperado encontro físico. Tão real quanto a nossa imaginação o pudesse conceber, o nascimento do Menino, era visível e palpável e aflorava em nós a sensação máxima de todos os outros sentidos.
A história deste Menino, era fantástica em nós, e doía-nos pelo lado mais triste, a pobreza, a nudez, o frio, a perseguição, os homens maus, ah! os homens maus...e aqui, os nossos olhitos constrangiam-se de comoção e apetecia acarinhá-lo, tanto quanto sabíamos e protegê-lo e amá-lo... não me lembro bem das palavras, mas imagino que as nossas falas tagarelas entontecessem um pouco os ouvidos da nossa Mãe e bem assim a seu tempo, os do nosso Pai.
O nosso presépio era assim, todo este imaginário e representávamo-lo, tal qual se nos afigurava:
A recolha do musgo e a colocação daquelas placas tão grandes e frágeis, um verdadeiro tapete verde e fofo, de aspecto muito aveludado, era tarefa do mano mais velho; e na verdade, exigia alguma prática e muita habilidade. A escolha criteriosa das pedras que configurariam o monte do castelo, o planalto dos rebanhos e o plano, onde verdadeiramente se estenderia toda a nossa história, eram primeiramente arquitectados na cabeça dele. E a nossa ansiedade crescia ao seu redor, de mãos quedas por imposição, mas a traquinice sempre a fervilhar em nós.
A tarde alongava-se no escuro daqueles dias frios de inverno, a operação era morosa, mas coisa pouco habitual em nós, nesse dia sobrava a paciência de ver construir as cataratas de água prateada, descendo pelo monte, as rodelas metalizadas das latas do toddy, que cobríamos com gotículas de água, na mais fiel representação dos lagos, o rio de prata ondulada que passava por baixo da ponte romana, a fonte onde supostamente deveríamos colocar a menina dos cantarinhos... e aqui a nossa ajuda começava já a ser preciosa, as nossas mãozitas singelas desembrulhavam cuidadosamente, na mais curiosa descoberta, peça a peça, cada figurinha.
Todas elas tinham vida própria, não era preciso refinarmos muito a nossa imaginação conhecíamo-las, sabíamos o lugar delas. Sabíamos do "coreto" da nossa aldeia, por isso os músicos, vestidos a rigor, de um azul quase celeste, agrupavam-se ali, num pequeno largo à beira da estrada, onde podiam exibir os seus dotes de sopro. Pelas veredas tortuosas de areia, ou serradura, caminhavam figuras singulares, com cabazes de oferendas à cabeça ou galinhas debaixo dos braços ou ainda potes de mel ; pastores de braços erguidos, seguravam firmes, cordeiros enrolados ao pescoço como cachecóis que aquecem.
O caminho mais largo, seguia a estrela a direito, e nele podíamos ver em fila indiana, as majestades montadas em camelos elegantes, ornamentados com as cores quentes e douradas dos mantos reais.
As ovelhinhas, muito gostávamos nós daqueles novelinhos brancos, talvez porque nos era permitido colocá-los, com a nossa própria mão, em qualquer sítio daquele tapete verdejante, a nosso belo prazer...e era fantástico, tanto mais que o bardo do rebanho colocado no planalto, ficava entreaberto, a justificar todas estas ovelhas tresmalhadas; o nosso entendimento de criança, percebia a nossa prestação e dialogávamos posições, combinávamos trocas e à noite a nossa Mãe sabia de certeza a importância dos nossos feitos...
A mim pessoalmente, entediava-me um pouco, aquele castelo cinzento no alto do monte e não percebia mesmo, o entusiasmo dos meus irmãos ao estudarem estratégicamente a posição dos três soldadinhos de chumbo, naquele lugar sombrio, talvez o mais sombrio de toda a construção.
Descia depois por um vale ao longo do rio, um casario muito alvo, de casas robustas, erguidas em série e aqui também podíamos esticar os nossos braços muito pequenos e em bicos de pés, para melhor chegar, colocarmos cuidadosamente, uma a uma, as mimosas casinhas.
A nossa aldeia era linda. retratava na perfeição toda a nossa vivência, mas o nosso conto de Natal, o nosso verdadeiro Presépio, estava naquele casebre , feito de troncos velhos envoltos em neve, de janelas abertas ao vento cobertas generosamente com celofane verde amarelo ou vermelho, com luzinhas que iluminavam o interior para se ver bem toda a história.
Tudo como nos tinham lido e contado: a manjedoura, o Menino nas palhinhas aquecido pelos animais, Maria, José e a estrela que brilhava no alto. E não nos cansávamos de olhar o Menino e apetecia pôr mais palha sobre aquelas perninhas nuas, para o aquecer, e chegar para mais perto, a vaca e o burro para o bafejarem...O Menino Jesus era o nosso encanto, ali não havia homens maus, (nem meninos maus) e nós esperávamos pacientemente, dia após dia, a noite de Natal para o ver descer!




maria

domingo, 29 de novembro de 2009

À memória de Miguel Torga



Quando eu tinha 12 anos, propuseram-nos numa festa de escola, a récita de uma poesia de Natal.
Foi difícil a minha escolha, tanto mais que obrigatóriamente teria de haver alguma mímica em cena. Mas depois de ler " HISTÓRIA ANTIGA " foi paixão à primeira e bastou esse simples apelo do mestre de escola, para encher o meu coração de amor à poesia e meter na minha vida o gosto pela palavra, só porque me encontrei com MIGUEL TORGA.





História Antiga


Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava , e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.


E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia ,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.


Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.






sábado, 28 de novembro de 2009

Amigas




Algumas das minhas amigas mais chegadas, já são avós.
Com idades mais ou menos próximas da minha, este não é o pormenor que mais mexe comigo. O que verdadeiramente me causa algum desconforto, é aquele embevecimento agastado que lhes sobe à cabeça, sempre que a conversa recai nos benditos rebentos.
E o meu incómodo nada tem a ver com o contentamento destas minhas amigas. Não. Tem sobretudo a ver, com esse efeito contagiante que se apodera de mim e me envolve na relação, como se eu fosse, sei lá..."a outra avó"

E o facto é tão surpreendente, que em alguns momentos do dia mais ou menos desocupados, dou por mim roidinha de cobiça, (chamo-lhe assim, por não saber bem o que é) a rever as fotos dos ditosos, que amorosamente guardo.
Confesso que o telefone é outro impulso que nestes momentos retraio, mas não perco a oportunidade, sempre que possível, de atiçar aquele brilhozinho nos olhos destas minhas amigas e de lhes fazer soltar cá para fora ,todo o enlevo, toda a ternura que lhes vem de sobejo... E fico sempre sem saber se o faço por elas ou se o faço por mim.





maria

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

divagando


Hoje fui chamada ao Centro de Emprego da minha área de residência para uma reunião rotineira.
É a minha primeira vez como solicitada e estou numa sala de espera apinhada de gente e garanto-vos que é uma sensação muito muito estranha.
Aqui, deixamos de ser o fulano A ou B e passamos a ser o colectivo, tudo com o mesmo sêlo na testa.
De costas para o interior, é oportuno sentar-me virada para a porta, ou seja para a plateia. As pessoas que estão sentadas à minha frente, todas viradas para mim, têm rostos diferentes das que vejo lá fora, através da parede de vidro que se me expõe.O jornal gratuito e os telemóveis fazem parte do jogo de espera, mas os sentidos concentram-se no marcador de senhas ou no vigilante que atrás de mim solta os passos e a voz grave, tentando advertir os mais distraídos à chamada, meros números.
Olho em frente e os pareceres têm todos o mesmo semblante soturno, quase anémico, cabeças de gesso que apenas movem os olhos e arqueiam o sobrolho quando tocam outro olhar.
Há uma ala do meu lado esquerdo que fala muito e fala de tudo, até das cadeiras que não têm para ficarem ao nível dos outros; são muito agitados, passam à frente,voltam atrás, e empurram, pedem desculpa ou então não, barafustam, discutem, encontram amigos, soltam exclamações agudas... não paralisam o rosto.
Mas eu prefiro observar os solitários como eu, sentados à minha frente, como condenados, rendidos à injustiça dos tempos, na espera sôfrega de um prato de papas.
Baixo os olhos para escrever, este é o meu rende tempo, e depois volto a olhá-los. Podia perfeitamente fechar os olhos e continuar a descrevê-los, eles são uma extensão de mim. De vez em quando há um pescoço que se ajeita e se estica, e uns olhos que se esforçam para um ângulo mais elevado da sala. Reparo então que há um televisor na função "mute" do meu lado direito , cuja imagem não consigo ver.
Alinhadas em filas paralelas, posso saltitar de cabeça em cabeça, de rosto em rosto e nem um só sorriso. Une-as o silêncio que lhes vai na alma e partilham todas a mesma cruz, provavelmente a mesma dor.
Afigura-se-me uma outra imagem, tão minha como esta aqui, e penso que se esta fosse uma sala de espera de um hospital, na melhor das hipóteses, teria uma cena semelhante: os mesmos olhos tristes e doídos, o mesmo desespero no peito, a mesma impotência, a mesma passividade, o mesmo sentimento de injustiça que paralisa os músculos, a mesma entrega a alguém, sabe-se lá a quem, que é juiz e conselheiro da nossa conduta, do nosso infortúnio, da nossa falta de liberdade...
Volto a esta realidade e asseguro-vos que não fui a única a ausentar-me, os mundos destas pessoas cruzam-se aqui em olhares vagos e distantes que a pouco e pouco se reaproximam deste lugar em pestanejos suspirados.



maria